quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Curral dos atrasados mentais

Grande azáfama efervescente animava os estúdios da TDI (Televisão da Ignorância) naquela tarde chuvosa, cuja monotonia apenas era quebrada com uns relâmpagos aqui e acolá. Dava-se tudo por tudo para estrear dentro do prazo o mais recente projecto televisivo, que seria para todos os efeitos, a última tentativa para tirar a TDI do fosso das audiências em que se encontrava nos últimos 10 anos. Como que caído do céu aos trambolhões, apareceu um investidor muito forte, disposto a patrocinar um programa televisivo, colocando apenas uma condição: o programa tinha de ser diferente de todos os outros existentes e tinha de liderar destacadamente as audiências. Bom, convenhamos que já não é nada pouco. Apesar desta exigência, não restava outra alternativa à TDI senão agarrar com unhas e dentes esta oportunidade milagrosa.
A primeira dificuldade foi a equipa de produção e o patrocinador conseguirem entender-se quanto ao nome a dar ao programa. Após milhares de sugestões, noites sem dormir, discussões acaloradas envolvendo os aspectos sociológicos, antropológicos, filosóficos e sei lá mais o quê acabado em “icos”, chegou-se finalmente a um consenso: o nome do programa seria O CURRAL DOS ATRASADOS MENTAIS.
Depois de cem e uma noites sem dormir, de dezenas de milhares de sugestões, de múltiplas discussões acaloradas envolvendo os aspectos sociológicos, antropológicos, filosóficos e sei lá mais o quê acabado em “icos”, chegou-se finalmente a um consenso quanto à estrutura do programa: são convidadas diversas personagens que virão ao programa colocar os seus dramas de vida, a sua desgraça pessoal, mas que tem de ter uma pequena particularidade: envolver terceiros, que o programa à socapa irá contratar para participarem no programa, e quando os principais intervenientes estiverem no auge a dizer mal dos “amiguinhos”, eles entrarão em cena, provocando reacções que serão as mais estapafúrdias possíveis. Isso provocará concerteza uma enorme confusão no programa, e como o que os telespectadores apreciam são confusões televisivas, a liderança de audiências estaria garantida.
Faltava apenas decidir uma última questão: quem seria a personagem com capacidade e garra suficiente para apresentar e liderar este projecto. Após centenas de milhares de sugestões, mil e uma noites sem dormir, triplas discussões acaloradas envolvendo os aspectos sociológicos, antropológicos, filosóficos e sei lá mais o quê acabado em “icos”, chegou-se finalmente ao terceiro consenso: a apresentação ficaria a cargo da conhecida apresentadora de televisão Xica Fala Barato. Embora fosse funcionária de um canal da concorrência, Xica Fala Barato confrontada com a proposta milionária da TDI, não foi de modas e transferiu-se de armas e bagagens para este canal televisivo, afim de dar o rosto ao CURRAL DOS ATRASADOS MENTAIS, e à sua conta bancária uns zeros a mais do que era costume.
Finalmente chegou o dia anunciado. Os nervos estavam tanto à flor da pele, em toda a equipa, que não foi fácil acalmar o pessoal. Foi mesmo necessário substituir um operador de câmara, pois tremia tanto que a imagem transmitida parecia que sofria de tosse convulsa crónica.
Após a publicidade do principal e único patrocinador, cujo actividade comercial é a venda de uma pomada para os calos, eis que o programa entra no ar, anunciando no seu spot inicial que “se não vê baba e ranho por aí, então ligue-se à TDI”. Após este spot aparece a figura de Xica Fala Barato, enchendo todo o écran do televisor, com a sua habitual voz estridente:
— Boa noite, caros telespectadores, bem vindos ao maior programa de televisão alguma vez feito no planeta terra, que é como quem diz, na nossa pequena aldeia global. A TDI, o maior canal de televisão alguma vez inventado, teve a coragem, a destreza, a delicadeza, a genialidade, a inteligência, o talento, a habilidade, a capacidade e sobretudo o patrocínio da grandiosa marca de pomada para os calos “Arre Chiça que Dói”, esse verdadeiro milagre da medicina caseira para acabar de vez, digo eu, com essa praga do corpo que nos faz soltar uns “ais” e que nos deformam os nossos ricos pézinhos, que são os calos. Pois dizia eu, que com essa pomada milagrosa, os calos poderão não desaparecer, mas mentalmente tornamo-nos interiormente mais fortes para aguentar, rindo e distribuindo felicidade, colocando os referidos calos num plano secundário. Pois hoje, aqui, neste mesmo estúdio, na primeira edição do CURRAL DOS ATRASADOS MENTAIS, vamos ter na primeira parte uma grande surpresa, ó larilas que vamos ter, que se não tivermos bem sentados ainda caímos de cu atarantados. E não vamos perder mais tempo. Directamente de um dos mais belos contos infantis que alguma vez foram escritos, e em exclusividade para o melhor programa de televisão a nível galáctico e planetário, que é o CURRAL DOS ATRASADOS MENTAIS, senhoras e senhores, meninos e meninas, aqui está connosco para partilhar as suas desgraças, a brilhante, a beleza em pessoa, a sensível Bela Adormecida, felizmente bem acordada.
E nisto ouvem-se bater palmas de forma estonteante, tiradas previamente de uma gravação num estádio de futebol, onde ainda eram perceptíveis os gritos de uma claque que dizia assim: “Ó Presidente Abécula, vai pró cará... caráquistão”.
Bela Adormecida, no seu ar jovial e sereno, entra no palco e vai cumprimentar Xica Fala Barato. De imediato, sentam-se as duas num enorme sofá vermelho, e após troca de risinhos idiotas e de executarem por duas vezes o andólitá que Xica Fala Barato tinha aprendido na escola primária, perdão, do ensino primário, perdão, no primeiro ano do primeiro ciclo de escolaridade, lá deram inicio à entrevista. Começou primeiro Xica Fala Barato:
— Belinha Adormecida, que linda que tu estás, minha querida. Que lindos olhos tu tens, que lindas orelhas que tu tens, que lindo cabelo que tu tens, que linda boca que tu tens...
— Querida Xica Fala Barato, por acaso não me estás a confundir com o Capuchinho Vermelho, pois não?
— Claro que não, minha querida, estava só a brincar contigo. Bom, mas vamos ao que interessa, que os nossos telespectadores estão mortinhos para saber o que te trás por cá hoje.
— Pois em primeiro lugar queria agradecer a oportunidade que a TDI me dá para poder vir de novo á ribalta do socialmente importante. Em segundo lugar, venho a este programa, aliás com todo o gosto, porque acho que está na altura de se fazer justiça à minha pessoa...
— Justiça à tua pessoa, Belinha? Será que percebi bem? Mas tu sentes-te injustiçada, minha querida? Quem é que é o responsável por tamanha monstruosidade?
— Não sei se haverá alguém especificamente responsável, por isso é que venho a este programa, para ver se me ajudam a descobrir. Antes de mais, queria também dizer-vos que outro motivo da minha vinda aqui prende-se com o facto de eu ter decidido lutar com todas as minhas forças contra a sociedade cinzenta onde querem que eu viva e da qual estou farta...
— Sociedade cinzenta? Será que eu ouvi bem? Então a sociedade não é às cores, querida? Os eléctricos não são amarelos? A relva dos estádios não é verde? Os semáforos têm três cores, os centros comerciais têm luzes de todas as cores e por todo o lado...
— Não se trata da sociedade de consumo, minha querida Xica Fala Barato. Refiro-me à sociedade dos valores e da forma como nós, as personagens femininas, somos tratadas, ou melhor mal tratadas.
— Minha querida, cada vez percebo menos. Ora vamos lá desembrulhar essa embrulhada
— Muito bem. Como todos sabem eu sou uma personagem que simbolizo a beleza feminina, a doçura, no fundo a mulher submissa. Tendo sido alvo de uma maldição, tive de esperar cem anos por um Príncipe Encantado para voltar a viver. É este o primeiro problema. A submissão a um Príncipe Encantado. Muitas de nós perdemos grandes oportunidades na vida de sermos verdadeiramente felizes, porque passamos o tempo à espera dos Príncipes Encantados da vida. Eu passei, como disse cem anos à espera. O que ganhei? Perdi todos os meus amigos e amigas, deixei de viver momentos importantes da minha vida, para nada. E como se não bastasse, ainda tive de assumir um papel secundário na relação. Porque é que a mulher tem de ser sempre sofredora em relação ao homem nas histórias, quer sejam de ficção, quer sejam da vida real? Porque é que não existem princesas encantadas e homens submissos, que dormem cem anos à espera de serem libertados da maldição do sono da vida? Este é o segundo problema. A sociedade vive segundo critérios patriarcais e não matriarcais. Por isso existe uma enorme falta de sensibilidade para a vida, para a beleza, para a harmonia. Vivemos segundo padrões de agressividade, de intolerância, de ganância e de posse, tudo valores masculinos. É esta a sociedade cinzenta a que me refiro.
— Muito bem, Bela Adormecida, até estou embasbacada com tamanha cultura geral. Mas, minha querida, queria pegar num ponto do seu excelente discurso, que julgo que é o mais importante, que é o facto de acusar gravemente o Príncipe Encantado. E isso sim, é o facto mais relevante do seu discurso. O rapaz demorou cem anos para a libertar da maldição. O rapaz depois não correspondeu ao amor da Bela Adormecida. Naturalmente a vossa relação passa neste momento por uma performance de ataque de nervos, não é verdade?
— Se quer que lhe diga, nunca mais o vi, para mim é indiferente a sua existência...
— Não diga tamanho disparate, Bela, é claro que a vossa relação é o mais importante nesta noite, e nós, no sentido de ajudar, vamos tentar explorar ao máximo todos os factores que levaram à sua degradação. E para isso vamos já chamar a este palco, para tirar a limpo toda esta situação, nem mais nem menos que o próprio Príncipe Encantado. Palmas para ele, senhoras e senhores.
— Eu não acredito...— balbuciou Bela Adormecida.
Mais uma vez se ouvem bater palmas de forma estonteante, tiradas previamente de uma gravação num estádio de futebol, onde ainda se continuavam a ouvir, talvez agora com mais clareza, os gritos da mesma claque, embora o texto fosse ligeiramente diferente, mais direccionado para o senhor árbitro: “Ó Caixa d’óculos, abre os olhos mula, vai pró cará... caráquistão”.
Nisto, entra o Príncipe Encantado, com a sua pose magistral, que deixou encantada e talvez um pouco mais do que isso a Xica Fala Barato, que de repente se lembrou das palavras da Bela Adormecida e chegou à conclusão de que a ganância da carreira lhe tinha tirado todas as possibilidades de ter uma relação afectiva estável. Como que por milagre sentiu saudades de um corpo masculino enroscado nos seus lençóis. Sem perder tempo nem postura, Xica Fala Barato recebeu o delicado rapaz:
— Caro Príncipe Encantado, sejas bem vindo ao CURRAL DOS ATRASADOS MENTAIS, o melhor “pó talco show” do mundo e arredores. Nem sabes quanto te têm aqui triturado pelas costas, nomeadamente a tua antiga, ou sei lá o quê, camarada de ofícios, a Bela Adormecida...
— Oh, a Bela Adormecida está aqui? — falou o Príncipe Encantado. — E está a dormir? Então tenho de a beijar para que ela acorde do sono maldito...
A Bela Adormecida interrompeu-o logo:
— Sono maldito, uma ova. A única coisa maldita foi tu seres colocado na treta da minha história. Já agora deves estar à espera que te encha a casa de filhos, te lave a roupa, cosa as meias, e te sirva quando te bem apetece, para sermos felizes para sempre, não é? Então é melhor dares corda aos sapatos e pôr o cavalo à chuva, que eu não estou nada interessada em te aturar.
— Oh Bela Adormecida — respondeu o Príncipe Encantado — nunca me passou tal coisa pela cabeça. Filhos são caros como tudo, e o resto conto comprar a prestações, nomeadamente máquinas de lavar e sei lá mais o quê...
— Podes comprar na mesma, desde que vivas sozinho e não me incomodes.
— Calma, calma, calma — interviu Xica Fala Barato — que esta conversa está super azeda, ou seja está o máximo para o perfil deste programa. Então Príncipe Encantado, explique-nos lá uma coisa, porque razão demorou cem anos a libertar a Belinha do sono maldito?
— Bem, eu para ser franco nem faço ideia nenhuma sobre isso. O problema foi do autor da história, que não sei porque carga de água se lembrou desse disparate. É óbvio que não foi uma ideia sensata, porque eu sou um rapaz novo e não me posso sentir feliz ao pé de uma velha com mais de cem anos, ultrapassada nas ideias e na forma de estar na vida...
— O que tu queres sei eu muito bem — respondeu Bela Adormecida — mas só de pensar nisso dá-me logo vómitos. Ainda por cima a cheirar a cavalo. Irra.
— Bom, será que vamos ter uma reconciliação em directo? — repenicou Xica Fala Barato — Isso era o máximo. Vamos fazer um enorme esforço, Príncipe e Bela. Por favor, dêem as mãos e procurem ultrapassar todos estes mal entendidos.
Bela Adormecida e o Príncipe ficaram um pouco entreolhados com esta surpresa. Mais uma vez se ouvem bater palmas de forma estonteante, tiradas previamente de uma gravação num estádio de futebol, onde se continuavam a ouvir, agora ainda com mais clareza, os gritos da mesma claque, embora o texto fosse ligeiramente diferente, mais direccionado para o senhor treinador: “Vai dar banho ao cão, ou melhor, vai pró cará... caráquistão”. Este som de palmas estava misturado com um outro, de talheres a bater em pratos e garrafas, próprio dos casamentos quando se quer que o noivo beije a noiva. Bela e o Príncipe ficaram um pouco emocionados com todos estes decíbeis e abraçaram-se.
— Promete-me que tomas banho todos os dias, — dizia Bela para o Príncipe — que fazes a barba todos os dias e cortas as unhas dos pés, meu amor.
— Prometo querida, — disse o Príncipe — e tu promete-me que vais usar uma lingerie mais moderna, lavas os dentes quando beberes leite e antes de ires para a cama. Promete-me também que utilizas perfumes pouco enjoativos e se fores trabalhar para o supermercado do vizinho não fazes horas extraordinárias.
— Prometo, querido — respondeu Bela Adormecida.
— E aí está, caros telespectadores, como a televisão faz milagres e promove o amor em directo. Só mesmo no CURRAL DOS ATRASADOS MENTAIS, o seu programa predilecto. Mas ainda temos mais. Vou já pedir a opinião ao nosso ilustre comentador permanente, Dr. Libório Paranóico, psiquiatra de profissão, embora praticamente nenhum doente o procure, que tem passado o tempo a bebericar uns uísques de malte, devido ao estado de ansiedade que este programa lhe provoca. Shôr Dôtor Libório Paranóico, a sua opinião por favor.
— Pois eu entendo que o facto mais relevante deste brilhante encontro são os cem anos de espera, que podem ser vistos por dois prismas. Senão vejamos. Primeiro prisma: se multiplicarmos dez anos pelo número dez obtemos exactamente cem anos, o que é verdadeiramente extraordinário. Mas também, e este é o segundo prisma, se multiplicarmos um ano pelo número cem, obtemos novamente cem anos, o que não deixa de ser mais uma vez verdadeiramente extraordinário. É exactamente esta riqueza de prismas que eu considero importantíssima nesta história, e pela qual acho que vale a pena pensar nisto. Parabéns aos intervenientes e ao brilhante programa de grande utilidade cultural que é o CURRAL DOS ATRASADOS MENTAIS. Já agora passavam-me outra garrafita, que esta já acabou?
— Muito bem, Dr. Libório Paranóico, pela sua excelente prestação. — disse Xica Fala Barato. — Vamos agora ouvir a opinião do público, hoje representado pelo senhor João Lambisgóia, trolha de profissão quando a tinha, de momento dedica-se à arte dos sem-abrigo pelas ruas da cidade, e pela senhora Arlete Oxigenada, prostituta nas horas livres e nas outras também, que se define a si própria como “especialista em levar nos cornos a qualquer hora do dia ou da noite, de qualquer forma e feitio”. Sr Lambisgóia, faça o favor de dar a sua opinião.
— Bom, eu cá não sei bem o que dizer, né? Só sei que me prometeram vinte euros se me sentasse aqui até ao fim. Mas eu estou do lado da cachopa, embora não tenha percebido nada disto até agora. Mas prontos, a cachopa é jeitosa, tomara eu uma destas duas vezes por ano, já me dava por feliz, e eu estou sempre ao lado das cachopas jeitosas...
— Muito obrigado, senhor Lambisgóia, pela sua participação. — interrompeu com maus modos Xica Fala Barato — Dona Arlete Oxigenada, faça favor de dar a sua opinião.
— Bem, eu estou aqui como o Lambisgóia, também me prometeram os vinte euros, e espero que cumpram, que eu já estou farta de dar o corpo ao manifesto e no fim, em vez do graveto, levo é dois murros no focinho que até vejo estrelas. Já não era a primeira vez. Mas também vos aviso que faço aqui uma peixeirada daquelas...
— Dona Arlete — interrompeu Xica Fala Barato — muito obrigada pela participação. E prontos, estamos no fim da primeira parte, vamos para um curto intervalo, voltamos de seguida para a segunda parte, recheada de outra boa surpresa. Até já.
E enquanto as luzes baixavam de intensidade e todos aproveitavam para descontrair um pouco, Bela e Príncipe continuavam agarrados um ao outro fazendo promessas mútuas.
—...prometes que cortas os pêlos do nariz e das orelhas, não usas a unha comprida no dedo mindinho e lavas o rabinho sempre que tiveres aquela necessidade...
— Sim querida, e tu prometes que cortas os pêlos debaixo das axilas e fazes a depilação, não só das pernas, mas também do bigode?
— Sim querido...
E assim ficaram, eternamente felizes, agarradinhos um ao outro. Em princípio foram felizes para sempre.

Momento de intervalo. Passam os reclames publicitários, e eis que se apronta toda a equipa para recomeçar o CURRAL DOS ATRASADOS MENTAIS.
Aqui vai a segunda parte. E mais uma vez a voz estridente de Xica Fala Barato:
— Boa noite, caros telespectadores, bem vindos à segunda parte do maior programa de televisão alguma vez feito no planeta terra, que é como quem diz, na nossa pequena aldeia global. A TDI, o maior canal de televisão alguma vez inventado, teve a coragem, a destreza, a delicadeza, a genialidade, a inteligência, o talento, a habilidade, a capacidade e sobretudo o patrocínio da grandiosa marca de pomada para os calos “Arre Chiça que Dói”, esse verdadeiro milagre da medicina caseira para acabar de vez, digo eu, com essa praga do corpo que nos faz soltar uns “ais” e que nos deformam os nossos ricos pézinhos, que são os calos. Pois dizia eu, que com essa pomada milagrosa, os calos poderão não desaparecer, mas mentalmente tornamo-nos interiormente mais fortes para aguentar, rindo e distribuindo felicidade, colocando os referidos calos num plano secundário. Pois dizia eu, que com essa pomada milagrosa, os calos poderão não desaparecer, mas mentalmente tornamo-nos interiormente mais fortes para aguentar, rindo e distribuindo felicidade, colocando os referidos calos num plano secundário. Pois hoje, aqui, neste mesmo estúdio, na primeira edição do CURRAL DOS ATRASADOS MENTAIS, já tivemos na primeira parte uma grande surpresa, ó larilas sim senhor, que se não tivéssemos bem sentados tínhamos caído de cu atarantados. Um casal desavindo uniu-se de novo nos laços do amor. Que belo, sem dúvida. Já agora, também tivemos de substituir o público presente, devido ao facto de não termos trocos em caixa suficientes para os calar, e porque o produtor em vez de soletrar dois euros, soletrou vinte. Bom, assuntos de pouca monta. Adiante. E não vamos perder mais tempo. Directamente de não sei de onde, e em exclusividade para o melhor programa de televisão a nível galáctico e planetário, que é o CURRAL DOS ATRASADOS MENTAIS, senhoras e senhores, meninos e meninas, aqui está connosco para partilhar as suas desgraças, o brilhante, a brutidade em pessoa, o grande pequeno Popeie, esse pestilento marinheiro, sempre a cheirar a peixe podre e com bafo constante de bagaço.
Mais uma vez se ouvem bater palmas de forma estonteante, tiradas previamente de uma gravação num estádio de futebol, onde se continuavam a ouvir, agora ainda com mais clareza, repito, com muito mais clareza sim senhor, os gritos da mesma claque, embora o texto fosse ligeiramente diferente, mais direccionado para a equipa de televisão que estava concerteza a transmitir o desafio: “Enfia a máquina no sítio que tu bem sabes, ou melhor, vai pró cará... caráquistão”.
Popeie, no seu ar de carapau salgado, entra no palco e vai cumprimentar Xica Fala Barato. De imediato, sentam-se os dois no enorme sofá vermelho, e após troca de risinhos idiotas, Xica Fala Barato tenta ensinar o andólitá a Popeie, que fica a olhar com os olhos esbugalhados para os gestos dela representando um jogo, que Xica Fala Barato tinha aprendido na escola primária, perdão, do ensino primário, perdão, no primeiro ano do primeiro ciclo de escolaridade.
Popeie fica assim no estúdio meio atarantado com o barulho das luzes e afins, pois para quem está habituado aos ambientes de calmaria do mar, um cenário destes desorienta qualquer valentão.
— Muito boa noite Shôr Popeie, bem vindo ao grande programa O CURRAL DOS ATRASADOS MENTAIS, — falou Xica Fala Barato, depois de desistir do andólitá. — Então quer fazer-nos o favor de partilhar connosco toda a tragédia que se abateu sobre si nos últimos tempos?
— Pois sim senhor Sôdona Xica. — balbuciou Popeie, ainda meio inibido com toda esta situação — Como sabe a minha vida tem sido sempre passada no mar, em navios velhos e bafientos, a ter de comer espinafres enlatados e a mandar umas arrochadas em latagões desparafusados...
— Pois isso já nós sabemos Shôr Popeie — cortou Xica — mas não é por isso que está aqui, não é verdade? No entanto, tenho aqui uma dúvida. Se sempre foi essa a sua vida, porque é que agora decidiu mudar de estilo, mudar de ambiente, mudar de história, enfim, dar uma volta de cento e oitenta graus na sua personagem?
— Pois ó Sôdona Xica, isso é muito fácil de entender. A Sôdona Xica gosta muito de um bife com batatas fritas e ovo a cavalo? — questionou Popeie.
— Adoro, adoro, adoro...— disse cheia de prazer Xica Fala Barato.
— Pois muito bem Sôdona Xica — continuou Popeie — imagine que lhe davam todos os dias, a todas as refeições, bife com batatas fritas com ovo a cavalo? Enjoava, não é verdade?
— Bem, realmente, não sei, talvez sim talvez não, mas o certo mesmo era de facto enjoar e ficar farta — afirmou Xica.
— Ora, tá a ver Sôdona Xica, foi o que me aconteceu. — disse Popeie — Enjoei e fiquei farto.
— E então, o que fez? É aí que reside toda a tragédia da sua vida, não é verdade? — perguntou Xica.
— Pois é verdade, Sôdona Xica. — balbuciou Popeie — Numa tentativa de mudança, virei-me para o Rodosférico profissional. E aí começaram os meus problemas. Fiz um contrato com um clube importante, só que até agora ainda não me pagaram um chavo, além de terem dispensado os meus serviços. É uma situação injusta, acho que têm de cumprir o que acordaram comigo, e para além do mais, com isto tudo fiquei sem lugar na minha história. Estou portanto à beira da falência na banda desenhada e sem vislumbrar soluções. É por isso que vim aqui, para denunciar esta situação e exigir que me sejam pagos todos os meus direitos.
— Muito bem, Shôr Popeie. Mas quem é que o Shôr acha que é responsável por toda esta situação que lhe foi criada?
— Pois muito bem, os grandes culpados são: em primeiro lugar o presidente do clube ACI, e em segundo lugar o presidente da Liga do Rodosférico, que tutela toda a actividade desportiva e que permite toda esta palhaçada.
— Pois Shôr Popeie, tudo isso é muito grave, daí estar em directo no CURRAL DOS ATRASADOS MENTAIS. Temos de deslindar por completo o seu caso, por isso convidámos a estar presente o presidente do seu clube e o presidente da Liga do Rodosférico. Senhoras e senhores, meninos e meninas, o Dr. Analfa Beto e o Sr. Melga Santos, respectivamente presidente da Liga e presidente da ACI.
Mais uma vez se ouvem bater palmas de forma estonteante, tiradas previamente de uma gravação num estádio de futebol, onde se continuavam a ouvir, agora de forma completamente nítida, os gritos da mesma claque, embora o texto fosse ligeiramente diferente, mais direccionado para o presidente do clube, que estava com medo de sair do estádio: “Dá o lugar a outro, trambolho, ou melhor, vai pró cará... caráquistão”.
Dr. Analfa Beto e Sr. Melga Santos entraram, dirigiram-se a Xica Fala Barato, cumprimentaram-na e sentaram-se também no grande sofá vermelho.
— Em primeiro lugar, boa noite aos senhores, bem vindos ao CURRAL DOS ATRASADOS MENTAIS. — falou Xica.— Começo por si, Sr. Melga Santos. O que quer dizer ACI?
— ACI é a sigla pela qual é chamada a nossa associação desportiva. — falou prontamente Melga Santos. — ACI quer dizer Associação dos Corruptos Independentes.
— E a ACI costuma tratar assim tão mal os seus atletas, como acontece agora com o vosso jogador Popeie? — questionou Xica.
— Nem nada que se pareça, Dona Xica. — respondeu de imediato Melga Santos — O caso do Sr Popeie é um caso fora do normal, um caso em que foi necessário tomar medidas drásticas para salvar da banca rota a nossa prestigiada associação.
— Como, Sr. Melga Santos? — questionou Xica — Mas isso é um caso deveras intrigante, que naturalmente faz aumentar a popularidade deste programa. Explique-nos melhor toda essa situação.
— Concerteza. — disse Melga Santos — O jogador referenciado pela senhora D. Xica foi contratado no âmbito de um projecto desportivo, por mim liderado, cujo objectivo era liderar o campeonato nacional e ganhar a grandiosa Taça dos Empreiteiros. Foi-nos dito que era um personagem com muita força, não só física mas também mental, e que aguentava dez jogos seguidos sem ser substituído.
— Ah, então sempre contrataram aqui o Popeie — aproveitou Xica para tentar tirar proveito desta situação. — E agora despediram-no sem mais nem menos, e o rapaz saiu com uma mão à frente e outra atrás.
— Nada disso, D. Xica. — atalhou Melga Santos — O que acontece é que num contrato existem diversas obrigações para ambas as partes, e o que aconteceu é que o Sr Popeie não cumpriu algumas de demasiada importância...
— O quê, Sr Melga Santos? — questionou Xica — Está a dizer-nos que agora a culpa é toda do rapaz? Ora troque lá isso tudo por miúdos.
— Foi o que fizemos. — rematou Melga Santos — Com o dinheiro que poupámos com esse senhor, investimos logo em miúdos, para serem devidamente formados no clube e assim o projecto tornou-se um projecto de médio prazo e...
— Não é nada disso que eu quero saber — vociferou Xica — não é desses miúdos, o que eu quero é que explique melhor essa intriga criada sobre o facto de o Sr Popeie não ter cumprido o contrato. Isso é que eu quero saber, está bem? Fiz-me entender? Ou é preciso fazer um desenho?
— Concerteza que sim — disse Melga Santos — e se não me interromper vou já directo ao assunto. Em primeiro lugar, o jogador em referência tinha um problema grave: cada vez que rematava, a bola ia parar a cinquenta quilómetros de distância. Se tivermos em conta que em cada treino o jogador rematava em média cerca de trezentas e oitenta e três vezes, fora os jogos ao domingo à tarde, significava que perdíamos o mesmo número de bolas por treino, o que como deve imaginar representava um prejuízo incomportável para a nossa associação.
— Trezentas e oitenta e... — balbuciou Xica.
— ...e três, D. Xica — continuou Melga Santos — mas o pior não era isso. O pior é que ele rematava sempre para o mesmo lado, de maneira que as bolas iam todas parar ao mesmo sítio, por coincidência a uma aldeia chamada Aldeia do Desespero, de forma que a aldeia começou a ficar assustada, porque, nomeadamente ao domingo à tarde, era bombardeada com uma chuveirada de bolas que metia respeito a qualquer tempestade de granizo. A aldeia chegou ao ponto de organizar uma procissão a pedir a protecção divina contra os meteoritos insufláveis que teimavam em cair em toda a aldeia, em especial à hora da missa e das novenas. Quando descobriu a verdade, rapidamente deixou a crença divina para passar à crença terrena, e vai daí contratou um bom advogado. Fomos condenados numa exorbitância, tendo de vender metade da equipa para não irmos de vez à falência.
— Mas isto é espantástico — disse Xica, entusiasmada com a ideia de uma aldeia ser bombardeada por um tufão de bolas de futebol — Nunca tinha pensado em semelhante coisa. Vejam senhores telespectadores como é possível tirar uma aldeia inteira da monotonia do dia-a-dia, criar espirito aventureiro, e sei lá mais o quê. Penso que temos de contratar o Sr. Popeie para animar este país inteiro, através do CURRAL DOS ATRASADOS MENTAIS. Bom, mas continue Sr. Melga Santos, continue que esta conversa está a ser muito interessante.
— Bom, mas o que deveras contribui para o despedimento com justa causa — continuou Melga Santos — foi outra situação. Depois de termos insistido para que rematasse apenas para a baliza, após imensas tentativas frustradas, um dia, em pleno jogo do campeonato do Rodosférico, esse jogador conseguiu rematar em direcção à baliza. O problema é que foi à figura do guarda-redes, que tentou segurar a bola. O resultado foi que o guarda-redes, agarrado á bola, acabou por furar a rede da baliza e desapareceu da nossa vista. Mais tarde viemos a saber que só parou num décimo segundo andar, num prédio na cidade mais próxima, que dista uns vinte quilómetros, tendo acertado em cheio numa velha e num periquito. O periquito teve morte imediata e a velha este internada, em coma profundo, durante três meses. Quando recuperou, passou a comportar-se de um modo estranho. Pensa que tem vinte anos, que é artista famosa de cinema, e começou a andar desesperadamente atrás do vizinho do segundo andar, que tem precisamente vinte anos e trabalha numa taberna local, a quem chama my love o tempo inteiro. Não lhe vou falar quanto é que esta situação custou e está a custar à ACI, só lhe posso dizer que este senhor nunca mais lá põe os pés enquanto eu tiver no meu juízo perfeito.
— Mas que bela história, Sr. Melga Santos — retorquiu Xica. — Nem os filmes de Hollywood conseguiram até hoje ter melhor argumento. Só mesmo o CURRAL DOS ATRASADOS MENTAIS para divulgar em primeira mão os grandes acontecimentos que vão marcando este país. Mas já agora, o Dr. Analfa Beto, da Liga do Rodosférico ainda não disse nada.
— Bem, eu de facto nem sei se deva dizer alguma coisa — disse Dr. Analfa Beto — tal a gravidade destas situações. Sabe que, se estas situações a deixam completamente apalermada, então quando ouvir o que eu tenho para contar é capaz de lhe dar qualquer coisa feia.
— Conte, conte e rapidamente, que estou em pulgas para saber tudo, tudinho — afirmou Xica completamente hilariante com a situação.
— Bom, então cá vai. — disse Dr. Analfa Beto — Esse jogador de quem se fala começou a levantar suspeitas desde muito cedo. Tem um corpo franzino, cara de palerma, e portanto a sua força tinha de vir de alguma substância proibida, naturalmente. Estivemos atentos ao assunto e descobrimos que antes de cada treino ou jogo, o indivíduo abria uma lata e comia o seu conteúdo de uma só vez. Depois de analisarmos a lata descobrimos que se tratava de espinafres...
— Espinafres? — quase que gritou Xica — Está-me a dizer que o Sr Popeie dopava-se com espinafres? Mas isso é gravíssimo, espinafres só se deve utilizar na sopa, não é verdade?
—Bem, vamos lá ver uma coisa... — continuou Dr. Analfa Beto — os espinafres não são uma substância proibida. Nunca aconteceu alguém dopar-se com espinafres. E aí é que reside o busílis da questão. Não sendo uma substância proibida, decidimos experimentar em toda a equipa. Todos tomaram espinafres e o resultado foi a ACI perder três jogos seguidos por falta de comparência, porque a diarreia era tanta, tanta, que os rapazes não conseguiam ficar trinta segundos longe da sanita. Foi assim que a ACI desceu de divisão, um prejuízo enorme para quem tinha investido forte e feio para ganhar tudo o que havia para ganhar, nomeadamente a Taça dos Empreiteiros, o troféu mais importante da Liga do Rodosférico. Tudo isto é muito estranho, e é claro que não queremos divulgar esta situação, porque as pessoas não iriam compreender a nossa incapacidade para deslindar o caso do mistério dos espinafres.
— Como compreendo, Dr. Analfa Beto — disse Xica Fala Barato, irónica. — Só que eu preciso de um final feliz neste programa, e portanto senão quer isto divulgado, o melhor será chegar a acordo com o Sr. Popeie...
— Dona Xica... olha é engraçado esta expressão, Dona Xica — balbuciou Dr. Analfa Beto — faz-me lembrar a canção da Dona Xicaca assustou-se, com o berro, com o berro que o gato deu. MIIIAAAUUU!... Mas, como eu ia dizendo, estamos aqui para resolver tudo isto da forma mais rápida.
— Então, eu preciso que se abracem todos... — começou a falar D. Xica quando foi interrompida por Melga Santos.
— Tem mesmo de ser, D. Xica?
— Absolutamente, Sr. Melga Santos. Vou já mandar colocar o som de fundo. Abracem-se já. — mandou Xica em tom pouco amigável.
Mais uma vez se ouvem bater palmas de forma estonteante, tiradas previamente de uma gravação num estádio de futebol, onde se continuavam a ouvir, agora de forma totalmente nítida, os gritos da mesma claque, embora o texto fosse ligeiramente diferente, mais direccionado para a filha do presidente do clube, que também estava, não com medo de sair do estádio, mas sim cheia de pressa para ir ter com os jogadores: “Que belos olhos que nós temos, são para te comer? Que belo nariz que nós temos, é para te cheirar antes de te comer! Vem ter connosco e manda o teu papá pró cará... caráquistão”.
Nesta altura, Dr. Analfa Beto, Sr. Melga Santos e Sr. Popeie estavam abraçados. Discretamente a equipa de produção tinha colocado um microfone no bigode do Dr. Analfa Beto, pelo que se podia ouvir nitidamente a conversa.
— ...Este gajo podia ao menos tomar banho uma vez por mês não acha, Melga Santos — dizia Dr. Analfa Beto.
— Eh pá, — respondia o Sr. Melga Santos — pelo menos as meias, pelo cheiro que estresandam, não devem ser mudadas há pelo menos dois anos.
— Não tarda nada, se não mudarem de conversa, vocês vão fazer um retiro espiritual á Aldeia do Desespero — retorquia Sr. Popeie — e passem para cá o que me devem...
— É de facto o grande sucesso televisivo do século — animava Xica Fala Barato — as pessoas entram aborrecidas e saem felicíssimas. Não há dúvida que o CURRAL DOS ATRASADOS MENTAIS é o grande acontecimento do nosso quotidiano.
— ... eh pá é melhor abraçarmo-nos com os braços para baixo, não se é possível, — continuava o Dr Analfa Beto — porque eu não aguento mais a sovaqueira deste gajo, chiça...
— Se fosse só a sovaqueira ainda, ainda... — disse Sr. Melga Santos — ...e o bafo a bagaço, misturado com o cheiro nauseabundo da comida putrefacta que ele tem entalada entre os dentes há pelo menos cinco anos?
— Ai vão, vão... — ameaçou Popeie.
Xica Fala Barato continuava, com a sua voz estridente, a falar do sucesso do programa, uma vez que tinha recebido indicação da produção que o CURRAL DOS ATRASADOS MENTAIS tinha sido o programa mais visto nessa noite, ultrapassando todas as televisões concorrentes. Enquanto as legendas de despedida já iam aparecendo, nomeadamente o patrocínio da pomada para os calos, Xica aproveitava e ia-se despindo, perdão, despedindo calorosamente, ainda a pensar no Príncipe Encantado e na noite de solidão que iria ter a seguir.
De repente, ouviu-se o abrir de uma lata de espinafres. E a seguir uns gritos e um estardalhaço, ficando quase tudo às escuras. Popeie tinha despachado Melga Santos e Analfa Beto para a Aldeia do Desespero. Depois de cada um atravessar um projector de luz, voaram a grande velocidade em direcção ao famigerado destino. Xica Fala Barato ficou muda, e os seguranças da estação televisiva TDI viram-se gregos para correr com o Sr. Popeie. Mas até esta situação criou ainda mais audiência, por incrível que pareça.
— É assim, — balbuciou Xica Fala Barato, sem saber muito bem o que dizer — não é que as pessoas sejam burras e ignorantes. Está-lhes no sangue gostar de ver disparates destes e programas assim. Ás tantas, depois de um dia de trabalho intenso, não há pachorra para ver a National Geografy, ou o bailado dos não sei das quantas. É capaz de cair melhor coisas que não despertem nada nas pessoas a não ser rirem-se de si próprias, da sua estupidez. Não acham? Para a semana temos a situação mais mediática possível, jornalistas versus políticos, esse coktail molotof social, gerado na promiscuidade dos interesses germinados no poder. Contamos com a vossa assiduidade e o vosso carinho. Então, até para a semana.
A TDI demorou três semanas a conseguir realizar outro “pó talco show”, pois o estúdio ficou bastante danificado. Dr. Analfa Beto continua internado no serviço de politraumatizados do hospital local, embora tenha tido forças para apresentar urgentemente a demissão da Liga do Rodosférico, e o Sr. Melga Santos, como aterrou numa vacaria, não fez outra coisa senão enterrar a cabeça no meio da bosta das vacas e gritar: espinafres não, espinafres não.

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